Minha Virada para Parar de Gastar no Automático

Eu conto como foi minha virada para parar de gastar no automático e começar a usar o dinheiro com mais intenção.
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Talvez você também já tenha sentido que vive correndo, paga as contas, faz tudo “certinho”… e, mesmo assim, o dinheiro parece nunca sobrar. Foi exatamente assim que vivi por muito tempo: gastando no automático, sem realmente entender para onde o meu dinheiro estava indo.

Não foi de uma hora para outra, mas, com pequenas mudanças, comecei a parar de gastar no automático e mudei a minha relação com o dinheiro. 

Hoje, quero compartilhar um pouco desse processo com você, de forma simples, para talvez te inspirar a olhar para as suas finanças com mais carinho e intenção.

O Preço de Gastar no Automático

Por muito tempo, minha rotina era sempre a mesma: eu acordava, ia para o trabalho e voltava para casa. Tinha semanas em que eu chegava tarde quase todos os dias… e ainda trabalhava nos finais de semana.

Viver nesse modo acelerado fazia com que eu não parasse para olhar para o meu dinheiro. Eu não tinha controle das minhas finanças, só ia reagindo ao que aparecia.

O cansaço era grande. E eu carregava uma crença silenciosa: “eu gasto muito porque trabalho muito.”

Essa frase funcionava quase como uma desculpa pronta na minha cabeça. Eu pensava que “merecia” aquele delivery, aquela blusinha nova de marca, o café caro no meio da tarde. Eu vivia cansada, estressada, e comprar alguma coisa parecia a forma mais rápida de aliviar tudo isso — mesmo que fosse só por alguns minutos.

Eu queria tudo rápido: não pesquisava preço, não comparava, não planejava. Se queria, comprava. Era simples assim. Não me endividava, mas também não via o dinheiro sobrar.

A verdade é que eu não fazia ideia de para onde o meu dinheiro estava indo. Eu pagava as contas, passava o cartão, aceitava as faturas como parte do “pacote” de uma vida corrida no piloto automático e seguia em frente. Eu não tinha um plano, não tinha prioridades, não tinha controle.

Só tinha a sensação de estar sempre trabalhando… e, mesmo assim, nunca ver o dinheiro ficar comigo.

Eu comprava coisas que não usava, roupas que ficavam paradas, objetos que viravam apenas mais um item ocupando espaço. Além de ocupar a casa, ocupavam também o meu orçamento.

A Virada de Chave

Tudo começou a mudar quando saí do meu emprego.

De repente, aquela justificativa de “ah, depois eu compenso, mês que vem entra mais” simplesmente deixou de fazer sentido. Eu sabia que precisava sair daquele trabalho porque ele estava consumindo a minha energia e a minha saúde — mas, ao mesmo tempo, eu teria uma redução de renda temporária.

Foi um misto de medo e honestidade comigo mesma. Eu percebi que, se não começasse a olhar para o meu dinheiro com mais atenção, poderia continuar gastando em excesso, mesmo ganhando menos.

Foi aí que decidi me fazer uma pergunta simples, mas que eu vinha evitando há muito tempo:

“Afinal, para onde está indo o meu dinheiro ?

Naquele momento, eu não estava buscando uma fórmula mágica para enriquecer. Eu só queria entender. Queria saber em que eu gastava, quais hábitos estavam me segurando no piloto automático.

E foi justamente essa decisão — de olhar com sinceridade para os meus gastos — que começou a mudar completamente a minha relação com o dinheiro.

Mulher caminhando sozinha na praia, refletindo sobre como parou de gastar no automático e começou a viver com mais intenção.
Imagem via IA

A Mudança de Hábitos

Para dar o primeiro passo, fiz um curso online gratuito no YouTube sobre organização financeira. Nesse curso, o professor disponibilizava uma planilha de orçamento. Foi com essa planilha simples que comecei a administrar o meu dinheiro.

Passei a registrar tudo: o que eu recebia e cada gasto do mês. A planilha separava as despesas por categorias como saúde, lazer, supermercado, carro, e também dividia entre despesas fixas, variáveis e renda fixa e variável.

Quando comecei a preencher mês a mês, levei um susto. Ficou muito claro o quanto eu gastava com coisas que não eram realmente necessárias: saídas em excesso, roupas caras, objetos que eu mal usava. 

Ver tudo organizado assim, preto no branco, foi um choque — mas também foi o ponto de partida para mudar. Isso me fez pensar:

 “Eu preciso realmente de tudo isso ?”
“Eu preciso pagar R$ 700 em um vestido ?

Essas perguntas não vinham com culpa, mas com um certo incômodo bom — aquele incômodo que mostra que algo precisa mudar.

Como Eu Vivo Hoje

Hoje, minha relação com o dinheiro é bem diferente.

Antes de comprar, eu analiso com calma. Quando quero alguma coisa, geralmente coloco o item nos favoritos e deixo-o lá. Compro de acordo com a minha necessidade e com o limite de gastos que defini para mim mesma.

Também criei uma listinha de compras no Notion para me ajudar. Isso me dá tempo para pensar e perceber se eu realmente preciso daquele item ou se é só um impulso do momento.

Na maioria das vezes, eu pesquiso bastante antes de comprar qualquer coisa. Tem itens que demoram meses até eu decidir comprar — algo que, no passado, seria impensável. Antes era tudo “para agora”: se eu queria, ia ao shopping e comprava no mesmo dia.

Hoje, a regra é simples: se estou em dúvida se realmente preciso de algo, eu não compro. Se a necessidade for real, ela aparece de novo e com mais clareza.

Eu pesquiso preço, uso cupons quando possível e, normalmente, compro mais online do que presencialmente, justamente porque consigo comparar valores com mais calma.

Com o tempo, também fui evoluindo na forma de organizar meus números. Hoje eu deixei de usar apenas a planilha inicial e criei algo mais robusto: uma planilha de orçamento conectada ao Power BI para acompanhar meus gastos de forma mais visual e detalhada.

Sim, dá trabalho alimentar os dados todos os meses. Mas, para mim, foi a forma mais concreta de sair do piloto automático e começar, de fato, a gastar com mais intenção e a economizar de verdade.

E Você, Como tem Usado o Seu Dinheiro ?

Hoje eu ainda erro, ajusto, aprendo. Não virei “a pessoa perfeita das finanças”, mas saí do piloto automático — e isso já mudou muita coisa na minha vida.

Se você sente que também está gastando sem perceber, talvez um primeiro passo possa ser apenas olhar com mais carinho para os seus números. Algumas coisas que me ajudaram:

  1. Anotar todos os gastos por 30 dias, sem julgamento, só para enxergar o padrão.
  2. Separar as despesas em categorias simples, como moradia, alimentação, lazer, transporte.
  3. Diferenciar o que é despesa fixa e o que é variável.
  4. Observar em qual categoria o dinheiro “escapa” mais sem você perceber.
  5. Criar uma pequena pausa antes de comprar algo que não é essencial.

Não é uma fórmula mágica, nem regra. É apenas o caminho que funcionou para mim e que talvez te inspire a encontrar o seu.

E você, como tem gastado o seu dinheiro: no automático ou com intenção ?

Aviso: Este conteúdo é informativo e educativo e não substitui orientação profissional individual. Para decisões sobre saúde, bem-estar, rotina ou finanças, consulte um profissional de confiança. Veja detalhes em nosso Aviso Legal.

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Juliana Santos

Redatora e engenheira química. Apaixonada por sustentabilidade, natureza, música clássica, meditação e yoga.

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